Nosso último trabalho foi a produção do disco “Senzala e Favela” um tributo ao Wilson das Neves, com a última faixa gravada em estúdio do influente baterista.

Capa do disco "Senzala e Favela" de Wilson das Neves

Lançado em todas plataformas de streaming, o single “Senzala e Favela”, de Wilson das Neves. Gravada por Chico Buarque e Emicida, a canção é homônima do álbum que vai homenagear Wilson das Neves. Com produção executiva de Alexandre Segundo e várias parcerias de “das Neves” como Paulo César Pinheiro, o disco conta com 18 canções, 13 inéditas, compostas, arranjadas e interpretadas pela nata da música popular brasileira. A produção musical é de Alexandre Kassin e de Jorge Helder. O projeto foi lançado através do selo Expresso Duplo, selo musical independente, com a parceria e apoio da Associação Cultural Saúva e Jataí.

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A história do álbum “Senzala e Favela” começou a nascer há seis anos pelas mãos deste que é considerado um dos mais importantes bateristas da música brasileira. “Das Neves”, como era chamado por muitos amigos, morreu dois dias antes de entrar em estúdio para gravar esse que viria a ser provavelmente seu último álbum. Coube à Emicida e a Chico Buarque, dois parceiros e amigos, a gravação do single da música que dá nome ao projeto.

A canção, como o nome já antecipa, trata da história da participação do negro na construção do Brasil, marcada pelo racismo e pela desigualdade que perduram até os dias de hoje. A música mistura samples e beats e as vozes de Chico e Emicida a uma sonoridade bastante tradicional do samba. Os sons marcados do surdo, agogô e cuíca se somam a palavras como separação, escravidão, apartheid, desagregação, miséria, aflição, mazela e abolição. E essa sobreposição nos remete à atemporalidade e à permanência da exclusão e das disparidades. Se a leveza e mesmo a malandragem são marcas registradas destacadas por muitos dos parceiros de Wilson das Neves, aqui o que vemos é uma mensagem direta, pungente e sem concessões contra a força ainda tão presente do racismo.

“Eu ainda olho o telefone achando que o Seu Wilson vai me ligar”, lembra Emicida. “Eu aprendi muito com ele, como o ensinamento de que ‘um cigarro é fácil de quebrar, um maço já é mais difícil, mantenham-se juntos’. Então estar nesse disco é uma maneira de dizer o nosso obrigado a esse grande mestre e mostrar que nos mantivemos juntos”, conclui.

Gestor do selo Expresso Duplo, idealizador e diretor do projeto Senzala e Favela, Alexandre Segundo lembra que, inicialmente, “Senzala e Favela” seria gravada por Chico Buarque e pelo próprio Wilson (que o escolheu, sabendo que se tratava de uma canção de mensagem extremamente forte). “Era o que ele tinha a dizer, mas que infelizmente não teve tempo para falar, no lugar que era dele, o palco”, destaca. Emicida já havia recebido pelos Correios uma fita cassete enviada por Neves que continha a melodia da música. Quando Wilson se foi, tanto pela mensagem quanto pela amizade existente entre os dois, sua escolha foi natural.

O lançamento de Senzala e Favela ocorre junto ao lançamento do Expresso Duplo, selo musical independente que visa impulsionar projetos e novidades que fluem livremente no cenário artístico do Brasil. O selo pretende atuar no registro ao vivo de shows, lançar coletâneas anuais dos melhores momentos e preservar sua memória musical. O primeiro trabalho desenvolvido pelo selo foi o documentário “O Samba é Meu Dom”, vida e obra de Wilson das Neves. “Senzala e Favela representa uma enorme responsabilidade. Mostra também a maturidade dos laços criados ao longo da história da cultura brasileira com o ecossistema da música e que estão a disposição para construir os projetos do selo Expresso Duplo. A canção ‘Senzala e Favela’ nos traz Chico Buarque e Emicida colocando farol em questões da nossa história que precisam ser tocadas”.

O lançamento do álbum completo aconteceu no dia 9 de maio, junto de um show realizado no Theatro Municipal, no Rio de Janeiro.

O projeto foi viabilizado pelo apoio da Saúva Jataí. “A Saúva é uma instituição sem fins lucrativos que estimula projetos educacionais, culturais, artísticos e agroecologia”, explica Leandro Almeida, fundador da Saúva. “Senzala e Favela é um desejo antigo de realização por parte de seus fundadores, resgata a história de Wilson das Neves, traz para o consciente da nossa comunidade esse trabalho tão rico sobre o samba e sobra e história do samba no brasil. Todas essas conexões e objetivos estão totalmente alinhados com nossos interesses, conclui.

Portfólio

Documentário: O Samba é Meu Dom

Sobre

“Com raízes profundas na paixão pela cultura, a Expresso Duplo, desde o ano 2000, tem se dedicado incansavelmente à produção cultural em todas as suas formas. Nosso compromisso é transformar e viabilizar a arte, oferecendo uma plataforma dinâmica e inovadora para artistas de todas as áreas. Explore conosco a jornada fascinante da expressão artística, onde cada projeto é uma oportunidade única de impactar e enriquecer a cultura. Bem-vindo ao mundo da Expresso Duplo – onde a arte ganha vida desde o seu nascimento!”

A Expresso Duplo fundada por Alexandre Segundo, um produtor mineiro, fotógrafo e designer, com experiência de 25 anos no cenário cultural em projetos e eventos de música e cinema. E, a partir da junção destas duas linguagens, idealizou este que veio a ser um dos maiores trabalhos da produtora. Lançado em 2018, pelo Canal Brasil, o documentário “O samba é meu dom” conta a trajetória do cantor, compositor e baterista Wilson das Neves e retrata este artista extremamente simples, que era o centro gravitacional de qualquer lugar onde estivesse, no palco ou fora dele. Era um professor, um maestro. A trajetória da Expresso Duplo no audiovisual também inclui a participação da produtora no videoclipe “Deus e Família” (2019), de Delano, Djonga e MC Hariel e a idealização e produção do curta “Fusca COM.”

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